O artigo procura demonstrar que a conjugação de certos fatores demográficos, socioeconômicos e políticos conduziu à nacionalização das eleições presidenciais no Brasil a partir do pleito de 1960. A expansão do mercado eleitoral, como conseqüência da urbanização e do crescimento do eleitorado, e a queda progressiva das barreiras ao voto - de renda, de gênero, etária e de escolaridade - teriam democratizado a participação eleitoral, diversificando a composição social do eleitorado. Desde então, a eleição do presidente deixou de depender apenas das forças políticas rurais e passou a requerer uma infinidade de possíveis combinações de forças rurais e urbanas. O candidato não poderia mais contar com segmentos sociais específicos e numericamente fortes para se garantir, necessitando de bases sociais ampliadas. Com base nos resultados das eleições presidenciais diretas de 1960, 1989, 1994 e 1998, o autor argumenta que a nacionalização do voto, definida pelos indicadores acima, é parte da integração política da sociedade e que esta, associada à complexidade social do eleitorado, exigem que a mensagem política e o apelo do candidato que pretenda maximizar o voto sejam de natureza ampla, de modo a evitar a manifestação, na campanha, de conflitos potenciais.
This paper argues that the conjugation of certain democratic, socioeconomic and political factors has led to the "nationalization" of presidential elections in Brazil since 1960. The expansion of the electoral market resulting from urbanization and the growth in the electorate, together with the progressive removal of the obstacles to voting - due to income, gender, age, and education - has democratized the electoral process by diversifying the social make-up of the electorate. Since then, the president's election has ceased to depend solely upon rural political forces and now involves multiple combinations of rural and urban political forces. Candidates can no longer count on specific and numerous social groups in order to guarantee their election, and need to widen their appeal. Based on the results of the direct presidential elections of 1960, 1989, 1994 and 1998, the author contends that the "nationalization" of the vote as described above is part of the political integration of Brazilian society and that this, together with the social complexity of the electorate, means that the candidate's appeal and political stance need to be more wide-ranging in order to prevent potential conflicts from arising during the election campaign.
Cet article veut montrer que la convergence de certains facteurs démographiques, socioéconomiques et politiques a abouti, au Brésil à partir du scrutin de 1960, à la nationalisation des élections présidentielles. L'accroissement du marché électoral, fruit de l'urbanisation et de l'augmentation de l'électorat, ainsi que la suppression progressive des barrières de vote -liées au revenu, sexe, tranche d'âge et niveau de scolarité - auraient démocratisé la participation électorale, permettant une plus grande diversification des électeurs. Dès lors, l'élection présidentielle a été moins dépendante des forces politiques rurales, requérant plutôt d'innombrables arrangements entre celles-ci et les forces urbaines. Le candidat ne pouvait plus compter exclusivement sur des segments sociaux particuliers et voyait la nécessité d'élargir ses bases sociales. Sur la base des résultats des élections présidentielles de 1960, 1989, 1994 et 1998, l'auteur montre que la nationalisation du vote, compte tenu de ces données, fait partie de l'intégration politique de la société et que celle-ci, ainsi que la complexité sociale de l'électorat, exigent que le message politique et le discours du candidat visant à récueillir le plus de voix, soient de teneur générale, de façon à éviter qu'éclate tout conflit latent pendant la campagne.